(...)Um rumor de jardim, luzes sobre as águas,num ramo de espaço em firme esplendor, calor de flancos brancos.Estou fixo e livre neste centro com uma intensidade monótona.Contente de ser teu e de ser meu,na expressão plana do desenho e na expressão redonda do volume,alto em densidade e transparente,animal de fundo e de ar,no equilíbrio fluido de um movimento sólido,que não arde,imensa,mas à medida do corpo ardente,límpido.Por vezes,sem qualquer esforço, sou uma atmosfera ou identifico-me com um árvoredo,com a sua cor sombria,cor de veludo e silêncio,cor de estar ou ser, intemporal e densaOnde sou uma respiração de silêncio. Ou então uma encosta,alongado,profundo, externo,gosto de ser e nada mais,numa completa tranquilidade.Rumor de folhas e de mãos pequenas,insectos de delicada chama,diminutos fulgores silenciosos.Entre confusas claridades,na plena humidade,o fogo abre a flor do corpo.Sou tudo aquilo em que estou.Folhagem e água, ar,pedras,o sono verde da terra,tudo,o todo inteiro, aqui na coincidência feliz de ser,de mais ser,ebriamente límpido,misteriosamente idêntico.(...) António Ramos Rosa
2 comentários:
por vezes a fronteira é o salto...
(da exposição já não vou a tempo...)
These are beautiful! It's very generous of you to introduce other painters!
Enviar um comentário