Estiveste a ver passar este balão à janela? Parece mesmo um coração, mas crescem nele corais azuis e verdes do Pacífico... Azul da água, verde das plantas? Ou é uma ampliação de satélite, visão raio x, do teu coração na tua casa em Tokyo?
(...)Um rumor de jardim, luzes sobre as águas,num ramo de espaço em firme esplendor, calor de flancos brancos.Estou fixo e livre neste centro com uma intensidade monótona.Contente de ser teu e de ser meu,na expressão plana do desenho e na expressão redonda do volume,alto em densidade e transparente,animal de fundo e de ar,no equilíbrio fluido de um movimento sólido,que não arde,imensa,mas à medida do corpo ardente,límpido.Por vezes,sem qualquer esforço, sou uma atmosfera ou identifico-me com um árvoredo,com a sua cor sombria,cor de veludo e silêncio,cor de estar ou ser, intemporal e densaOnde sou uma respiração de silêncio. Ou então uma encosta,alongado,profundo, externo,gosto de ser e nada mais,numa completa tranquilidade.Rumor de folhas e de mãos pequenas,insectos de delicada chama,diminutos fulgores silenciosos.Entre confusas claridades,na plena humidade,o fogo abre a flor do corpo.Sou tudo aquilo em que estou.Folhagem e água, ar,pedras,o sono verde da terra,tudo,o todo inteiro, aqui na coincidência feliz de ser,de mais ser,ebriamente límpido,misteriosamente idêntico.(...) António Ramos Rosa
3 comentários:
Estiveste a ver passar este balão à janela?
Parece mesmo um coração, mas crescem nele corais azuis e verdes do Pacífico...
Azul da água, verde das plantas?
Ou é uma ampliação de satélite, visão raio x, do teu coração na tua casa em Tokyo?
:)
perto das plantas... que bom!
abraço
O coração ficou lá.
Beijinho.
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